A região do extremo Sul de Santa Catarina terá três oportunidades para se aprofundar ainda mais no legado histórico de uma das principais heroínas do estado, Anita Garibaldi. Nos dias 24, 25 e 26, o grupo de teatro ‘O Sombrista’ apresentará o espetáculo ‘Além da Heroína, uma história da Anita Garibaldi’ no Centro de Eventos Professora Iria Angeloni Carlessi, em Turvo, sempre às 20 horas.
Com um trabalho diferenciado e baseado na técnica de ‘teatro de sombras’, a apresentação é o resultado de uma investigação que vem sendo realizada desde 2018 pela atriz / sombrista Diana Manenti a respeito da vida de Anita Garibaldi. Além disso, a primeira sessão da turnê em Turvo, no dia 24, contará com o recurso da audiodescrição aberta.
A audiodescrição é um recurso que surgiu para a facilitação dos cegos e das pessoas com deficiência visual à arte, permitindo que estes possam vivenciar a herança cultural visível das artes plásticas, teatro e artes cênicas ou cinema. Já o teatro de sombras é uma arte muito antiga de contar histórias através das sombras. Dessa forma, sombradescrição é um experimento que tem como objetivo ampliar o potencial artístico e de acessibilidade da audiodescrição aberta para pessoas cegas, com baixa-visão e videntes no teatro de sombras.
De acordo com o grupo, o ingresso para as apresentações em Turvo será trocado pela doação de 01 lanterna (de qualquer tipo) por família. As lanternas recebidas nas apresentações serão doadas para escolas, visando estimular o uso do teatro de sombras nas atividades no ambiente escolar. Após o período em cartaz no Centro de Eventos, O Sombrista levará o espetáculo para as escolas Escola EEB Jorge Schutz e Escola EEB João Colodel. As lanternas a custo bem acessível estarão disponíveis para venda no local.
A classificação etária do evento é 12 anos.
“Falar de Anita, é falar de muitas mulheres”
O nome de Anita Garibaldi atravessa gerações, mas será que todos têm dimensão do que a Ana Maria de Jesus Ribeiro, nossa Anita Garibaldi, realmente realizou? Considerada a maior guerreira de Santa Catarina, Ana Maria de Jesus Ribeiro, nossa Anita Garibaldi, desperta admiração e curiosidade com uma história recheada de glórias, desafios e superação.
Com 25 minutos de duração, o espetáculo traz momentos da vida de Anita que foram silenciados pelo tempo e pela história. Sob o olhar da companhia, suas vulnerabilidades são igualmente importantes e rememoram a heroicidade do cotidiano de uma mulher à frente do seu tempo. Cabe ao espectador decidir qual olhar vai dirigir a essa história, uma vez que a montagem propõe uma provocação ao público através do formato em que a plateia está distribuída.
“No espetáculo, o espectador terá muito protagonismo, o grupo estará oferecendo o espetáculo, mas no final das contas quem escolhe o que vai assistir e como, será o espectador. Dependendo do lugar que o espectador escolher sentar ele vai assistir um espetáculo diferente de outros espectadores na plateia. Essa é uma surpresa do espetáculo”, explica Diana Manenti.
Conforme Diana, a escolha por Anita Garibaldi tem como principal motivo trazer à discussão os padrões sociais que são atribuídos às mulheres. “Porque falar de Anita, é falar de muitas mulheres. Mulheres que olham para o horizonte com desejo de liberdade, que sentem o vento da ousadia atravessar sua alma, e mesmo assim não acreditam ser capazes de mudar sua realidade. A história nos conta sobre a bravura de Anita diante de uma cena de guerra, onde chamou a atenção de todos pela coragem e determinação”.
No entanto, a integrante do grupo ‘O Sombrista’ ainda ressalta que “estamos falando de uma menina de 18 anos, casada por obrigação com um homem muito mais velho, vivendo em uma realidade de extrema pobreza e privação de liberdade. Teria sido o amor por Garibaldi a motivação de Anita ou o desespero? Cada mulher, a seu tempo, vem descobrindo o poder de tomar para si as rédeas da própria vida: algumas travam batalhas no mar, outras na justiça e algumas, assim como eu, em um palco de teatro”.
Vale salientar que esse é um projeto realizado pelo Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), com recursos do Prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura ∕ Artes – Edição 2021. Além disso, a iniciativa conta com o apoio da Prefeitura de Turvo, Gráfica Turvense, Invernada Artística Anita Garibaldi, EEB Jorge Schutz, EEB João Colodel e Bossa Produtora.
Fonte: Texto: Cristina Dominghini Possamai – Fotos: Ana Colodel